segunda-feira, 8 de março de 2010

Paleolítico - A viagem sem fim

Caros leitores, serei um pouco mais informal neste artigo. Primeiramente, peço desculpas a todos os que acompanham esta seção, pela questão de dia de publicação do artigo e demora nas ilustrações. Tudo isso ocorreu porque tive de mudar de residência, o que me inspirou a escrever sobre este tema.
Assim como eu, muitos de vocês devem pensar que uma vida de viagens constantes é um sonho perfeito, mas bastou me uma única mudança para ver o tamanho da dor de cabeça. Dezenas de caixas guardando tudo o que se tem, plásticos bolha envolvendo o que é frágil, algumas viagens para se levar tudo: computador, geladeira, fogão, etc.
Claro que há 10.000 anos não havia nenhum destes eletrodomésticos. Mesmo assim, imagine um grupo que não tinha moradia fixa, os nômades. Isso mesmo, era como se a cada novo dia estivessem de mudança. Mesmo os jarros de argila eram pesados demais para serem levados em longas viagens.

Veja acima uma das raras figuras de cavernas onde o homem já estava se tornando sedentário. Até os animais precisavam de abrigo fixo nos estábulos

As primeiras cidades surgiram há cerca de 9.000 anos na região entre a África e a Ásia conhecidas pelo nome de "Crescente Fértil". O muro acima cercava uma cidade ainda na pré-história.
Em constante mudança, o homem não tinha como evoluir. Mesmo em coisas simples. Como seria possível plantar sem esperar até a colheita? Mudando-se todo o tempo, nem mesmo a linguagem precisava se desenvolver tanto como quando passaram a ter uma moradia. Imagine na Era do Gelo, dez pessoas sentadas em uma caverna esperando a nevasca passar. O que é que eles poderiam fazer a não ser conversar? Eles não tinham televisão e muito menos Orkut.
Sem a sedentarização (morar em um local fixo) a humanidade não teria como desenvolver se nem mesmo nas artes. De que adiantaria fazer um desenho em uma pedra onde você nunca mais voltaria? Sem a agricultura, tinham de passar os dias caçando animais, não sobrando tempo para a evolução de praticamente mais nada.
Talvez hoje em dia, até valha a pena viajar bastante, desde que haja bastante gente com moradia fixa cuidando dos hotéis que vão nos receber.

autoria: Leandro Villela de Azevedo - professorleandrovillela@gmail.com

(Revisado por Heloisa em 25/04/2011)

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

O que o Thiago Lacerda, o James Bonde e o Jacó têm em comum?

Origem dos Nomes
O que o Tiago Lacerda, o James Bonde e o Jacó têm em comum?
Pode parecer estranho, mas Tiago, James e Jacó são o mesmo nome. É isso mesmo. Todos eles vêm do nome hebraico Jacó, filho de Isaac e neto de Abraão. Em hebraico, o nome seria Iacov.





Acontece que um dos discípulos de Jesus se chamava Iacov. Com a mania de chamar as pessoas de santo, ele se tornou o Santo Iacov. O tempo vai passando e logo as pessoas começam a falar apressadamente “Santiacov” e “Santiaco” até que vira “Santiago”. Bem, daí fica fácil de imaginar como Santiago vira São Tiago. Por um processo parecido aconteceu a mesma coisa com Iacov para James.

Mas porque é importante saber a origem dos nomes? Todo nome, quando criado, tinha um significado, não seria legal descobrir o significado do seu? Leandro, por exemplo, vem de Leo (Leão) + Andro (homem), ou seja, o homem Leão. Já minha irmã Mônica, por exemplo, vem de Monos, que significa sozinha ... ela não gostou muito disso.

Eu tive um aluno certa vez que se chamava Vinícius Ouro Augusto. Vinícius significa vitorioso, Ouro, é isso mesmo, Ouro e Augusto significa o Abençoado ... agora vai me dizer se ele não ficou todo metido depois de saber disso?

Felipe vem de Filo (amigo) + Hipo (cavalo), dessa forma seria “Cavaleiro”. Sofia, por exemplo, significa sabedora. Diego vem de Di (dois) + Ego (eu), então seria “Aquele que vale por dois”.

Todo nome que termina com “el” tem alguma coisa a ver com Deus e vem do hebraico. Por exemplo: Daniel (Deus é meu juiz), Rafael (guerreiro de Deus), Israel (homem de Deus) e Eliel (meu Deus é Deus).

Alguns nomes também são inventados do nada. Por exemplo, o poeta Jonathan Swift, ao querer definir o termo "legião de lindas borboletas" criou o nome Vanessa.

Inicialmente Publicado na seção "Que História é Essa" do portal AcessaSP



autoria: Leandro Villela de Azevedo - professorleandrovillela@gmail.com

(Revisado por Heloisa em 26/04/2011)

Origem dos Sobrenomes

Já falamos aqui nesta seção sobre a origem de alguns nomes. Pois bem, agora é a hora de falar de alguns sobrenomes. Eles existem há muito tempo. No início as pessoas eram chamadas pela cidade de onde vinham, como por exemplo “Tales de Mileto” ou então eram lembradas pelo nome dos pais, como no caso de “João filho de José”.





Mas isso começou a não ser o suficiente. Em Roma, por exemplo, as pessoas passaram a ter dois nomes, o seu próprio e o de sua família. Era o início do sobrenome como o conhecemos hoje.

Agora algumas histórias ficam muito mais interessantes a partir daqui. Na época em que começa a colonização, muitas pessoas fugiam de guerras religiosas na Europa e vinham para a América. Para que não pudessem ser achadas mudavam seus sobrenomes. Isso aconteceu especialmente com os que fugiram da Inglaterra e foram para o atual Estados Unidos.

Já que não tinham sobrenome, ganhavam o nome de suas profissões. Veja que engraçado:

Bill Gates (Gates = Portões – referência a ser porteiro – cuidava dos portões da cidade)
George Bush (Bush = Arbusto – possível ligação com jardineiro)
Sharon Stone (Stone = Pedra – referência a pedreiro - escultor em pedra)
Denzel Washington (Washing = Lavando + town = cidade – ou seja, algo semelhante a gari)
Neil Armstrong (Arm = braço + strong = forte ou seja, o fortão)
Morgan Freeman (Free = livre + man = homem, ou seja, homem livre, escravo que foi libertado)
Sandra Bullock (Bull = touro + lock = trancar – referência a vaqueiros)
Hellen Hunt (Hunt = caçar – referência a caçador)
Carrie Fisher (Fisher = pescador)
Nicole Kidman (Kid=”Fazer Piada” + Man = Homem – piadista)
Sigourney Weaver (Weaver = tecelão – ou seja, faz tecido, costureiro)

Inicialmente Publicado na seção "Que História é Essa" do portal AcessaSP

autoria: Leandro Villela de Azevedo - professorleandrovillela@gmail.com

(Revisado por Heloisa em 05/05/2011)


Por que Dezembro não é o mês DEZ?


Não é mera coincidência não! O SETEmbro realmente deveria ser o mês sete e DEZembro o mês dez. Na verdade eles eram. O calendário que usamos hoje foi inspirado no calendário romano, criado antes de Cristo.




Esse calendário tinha dez meses. Os primeiros meses tinham o seu nome dedicado a deuses romanos, por exemplo, março vem de Marte. Após o sétimo mês, entretanto, os romanos começavam a chamá-los pelo número:

SETEmbro = mês SETE
OUTUbro = mês OITO
NOVEmbro = mês NOVE
DEZembro = mês DEZ

O Calendário romano passou por várias reformas, especialmente quando entraram em contato com culturas mais evoluídas no campo da contagem do tempo, como os egípcios. Mas foi na época do imperador Otávio Augusto que se resolveu fechar o calendário de forma bem semelhante ao nosso atual (ainda não tinha ano bissexto) .

Mas havia um pequeno problema, como se podem criar dois meses do nada? Bem, com a reformulação do calendário, acabou que esses meses receberam seus nomes em homenagem a Otávio Augusto (Mês de Agosto) e ao seu pai, Júlio César (Mês de Julho).

Até aí tudo bem, mas por que não jogar esses meses para o fim do ano? Uma das possíveis respostas para isso é que Otávio Augusto não queria que esses dois novos meses fossem no inverno (lembrando que no hemisfério norte o inverno é no fim do ano). A questão do inverno era tão grave que o mês de fevereiro tem esse nome originado de febre (o mês da febre - "febrereiro" )

E tem mais. Com o novo calendário os meses teriam 30 ou 31 dias intercalados. Mas Otávio Augusto não queria que nem o seu mês e nem o de seu pai tivessem menos dias do que qualquer outro. Por isso ele pega um dos dias de fevereiro e joga para frente. De modo que julho e agosto são os dois únicos meses seguidos com 31 dias.

Imagina de qual mês se iria tirar o dia sobrando para que os dois meses dos imperadores ficassem com 31? É claro, de fevereiro, quem vai querer que o mês das doenças dure muito?

Inicialmente Publicado na seção "Que História é Essa" do portal AcessaSP

autoria: Leandro Villela de Azevedo - professorleandrovillela@gmail.com

(Revisado por Heloisa em 05/05/2011)

O que é uma república

O que é uma república?
A história do Brasil é dividida em três fases: Colônia - até 1822; Império - até 1889 e a partir de então, a república. Mas aqui não falarei disso.
Mais ou menos dois milênios antes do Brasil ser descoberto, os romanos eram um grupo de pastores agrupados em uma pequena cidade chamada Roma. Essa cidade era governada por outro povo, os Etruscos.
Assim como o Brasil era colônia de Portugal, Roma era colônia dos Etruscos. Quem governava Roma eram reis etruscos, mandados para cumprir essa função.


Em determinado momento, os habitantes dessa cidade se revoltaram contra isso, venceram os reis etruscos e aí começou um novo problema. Como fazer para governar essa cidade? Eles poderiam escolher um rei Romano. Mas estavam cansados da monarquia, ou seja, apenas o rei governando.

Resolveram então inventar uma nova forma de governo onde todos seriam donos da cidade e todos teriam o direito de governá-la. E chamaram isso de “Coisa de Todos”, que em latim é “Rés=coisa e Pública=de todos” ou seja, a República.

Escolheram um grupo de pessoas mais idosas para governar a cidade, e chamaram esse grupo de Senado ( o nome vem de “senil” = velho ) . Para que esse grupo não mandasse em tudo sozinho, havia eleições para escolher pessoas das tribos que compunham Roma. Cada tribo elegia o seu “Tribuno”, que ajuda a governar e julgava quem ia contra a vontade do povo, de onde surgem os “Tribunais”.

A república Romana até que deu certo por um tempo, mas depois ela acabou sendo dominada pelos generais do exército que receberam o título de imperadores.

Mas o importante é sempre lembrar que a idéia básica de uma república é que NÓS somos donos do país. Uma escola pública, por exemplo, não é uma escola sem dono. É uma escola que tem milhares de donos, todos nós. Enquanto o Brasil for uma república, ele será de todos nós, sendo assim cabe a cada um cuidar dele, assim como cuida de seu próprio lar.

Inicialmente Publicado na seção "Que História é Essa" do portal AcessaSP

autoria: Leandro Villela de Azevedo - professorleandrovillela@gmail.com

(Revisado por Heloisa em 05/05/2011)

Conflito de Olhares

Jesuítas x Indígenas
Nesta seção, já falamos sobre a fundação do Colégio de São Paulo, pelo padre José de Anchieta. Um dos motivos pelo qual essa escola deu tão certo, a ponto de conseguir a convivência pacífica entre padres e índios, foi uma gramática. Isso mesmo, José de Anchieta criou regras e dicionários para a língua que os indígenas falavam, criando o chamado “tupi-guarani”.



Mas não basta saber falar a língua de alguém para conseguir entendê-la. Veja a seguir alguns dos principais problemas que eles tinham para se entender.

Religião: Os portugueses eram monoteístas (acreditavam em um deus só), mas os indígenas eram politeístas (acreditam em vários deuses). Ora, os índios não viam problema em cultuar o deus dos portugueses, só não entendiam o que sai ganhando alguém com um deus só, se dá pra se ter vários deuses.

Casamento: Os portugueses queriam que os indígenas casassem com uma única mulher (monogamia), só que muitos grupos indígenas estavam acostumados a um sistema de “grande família”. Ao invés de casamento, os homens e mulheres dormiam na mesma casa e tinham relações entre si. Quando um menino nascia, ele era filho de todos da aldeia. Os índios achavam isso muito mais prático, afinal, no sistema português, se o pai e a mãe morressem, quem tomaria conta da criança?

Moradias: Os portugueses queriam ensinar os indígenas a construir casas de pedra. Pode-se demorar anos para construir uma, mas ela durará séculos. Acontece que os indígenas preferiam continuar com suas ocas. Em três dias construíam uma, e se ela durava poucos anos, tudo bem, depois era só construir outra de novo em pouco tempo. Faziam até uma festança para construir a casa nova.

Outros aspectos interessantes é que os indígenas achavam muito estranhas aquelas figuras de preto andando de lá para cá, conversando com uma caixinha preta. Os padres de batina sempre liam a Bíblia em voz alta. Para os indígenas, quando se andava era para chegar em algum lugar, e quando se falava era para conversar com alguém. Ou seja, aquilo era visto como loucura.

Para os índio o fato de os padres quererem que os eles tivessem uma esposa só, era descabido, pois os próprios padres não casavam!

Seja como for, foi preciso muita convivência para que eles conseguissem se entender.

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autoria: Leandro Villela de Azevedo - professorleandrovillela@gmail.com

(Revisado por Heloisa em 05/05/2011)

Utilidades Domésticas

Utilidades Domésticas?
O primeiro instrumento que poderíamos chamar de “utilidade doméstica” é a mó. Trata-se de um conjunto de duas pedras, conforme a figura abaixo:

A mó foi indispensável ao ser humano, por milhares de anos. Isso desde a Pré-História, quando aprendemos a agricultura. Nesta época, os produtos mais plantados eram grãos, como o trigo, que, para serem comidos, precisam virar farinha.

Então as pessoas tinham que pôr as sementinhas e ficar batendo, batendo, até que aquilo virasse farinha. Depois recolhiam essa farinha e punham outras sementinhas. Podia-se passar horas para se moer o equivalente a uma xícara de farinha de trigo.

Sendo assim, uma das invenções mais fantásticas para facilitar a vida destas pessoas foi o moinho. Nele, podia-se moer quilos de trigo em poucos minutos. Uma verdadeira revolução. Tudo bem que usar um moinho saía caro. Na Idade Média, por exemplo, o senhor das terras cobrava um imposto chamado Banalidade: ele ficava com metade da farinha que fosse moída nos moinhos. Mesmo assim valia a pena.

Outra “utilidade doméstica” eram os incensários. E não é por conta de cheirinho bom, não. Imagine hoje a dificuldade que as pessoas têm com os insetos, em uma região um pouco mais afastada das cidades, como uma praia mais longe ou uma casa no campo. Mesmo quem tem um terreno baldio ao lado de casa já enfrenta mais moscas e pernilongos que o normal.
Agora, imagine na Idade Antiga, com tanto espaço vazio: os pernilongos e insetos eram em número espantosamente alto. Por isso mesmo, para muitos povos antigos, como Egito, Mesopotâmia, Índia, etc., incensar a casa várias vezes por dia era a garantia de uma boa saúde.

Inicialmente Publicado na seção "Que História é Essa" do portal AcessaSP

autoria: Leandro Villela de Azevedo - professorleandrovillela@gmail.com

(Revisado por Heloisa em 05/05/2011)